Topo

Por que é tão difícil comprar produtos licenciados de eSports no Brasil?

Leo Bianchi

07/05/2020 09h40

Brasileiros já consomem todo tipo de item de eSports antes mesmo de lojas oficiais estarem no país, de camisas a chaveiros. Mas faltam produtos no mercado nacional por conta da burocracia brasileira

Seria redundante e óbvio dizer que fãs de eSports são fiéis e extremamente apegados aos games que jogam, assistem e consomem. Porém, nem sempre é uma tarefa fácil comprar produtos relacionados aos times e games no Brasil, ainda que a demanda seja alta. A situação já evoluiu, e muito, em relação a anos anteriores, mas está longe do ideal. Há motivos plausíveis para que você não encontre aquele action figure ou aquela camiseta da organização que você tanto curte nas prateleiras por aí.

Comecemos falando do League of Legends. Nos Estados Unidos e na Europa, nos estúdios de LCS e LEC, respectivamente, os fãs encontram produtos dos mais variados relativos ao game. Também é possível comprar online. No Brasil, a comercialização se dá por meio de parcerias e licenciamentos com diversas empresas, em acordos recentes fechados pela Riot Games. O processo de desenvolvimento e fabricação é longo, e a intenção é aumentar a oferta de produtos.

Esse Action Figure do Jax, do LoL, de 19cm, está à venda por R$ 289,00 em um site não oficial da Riot

–  "Esses são nossos primeiros passos no licenciamento da marca League of Legends. Naturalmente, há um processo de aprendizado: nós estamos entendendo cada vez mais sobre o mercado de varejo, e os licenciados fazem imersões na nossa comunidade. Há uma troca muito grande de informações entre nós, e tem sido uma experiência gratificante ver os resultados das nossas parcerias", afirmou Priscila Queiroz, head de publishing da Riot Games no Brasil, em entrevista ao GGWP.

Desde o final do ano passado, a Riot Games trabalha com a Riachuelo, Piticas, Tilibra e com a editora Galera Record. Quem também atua de forma semelhante é a Ubisoft, com o Rainbow Six Siege – além da própria Riachuelo, a produtora também trabalha com a Foroni para a parte de papelaria. Há mochilas, colecionáveis, cadernos…

Os Chibis dos personagens do Rainbow Six Siege são raros no Brasil. Os originais são vendidos na internet por meio de market place, com preços que variam entre R$ 170,00 e R$ 300,00 cada

– "O licenciamento de marcas originadas nos videogames ainda passa por uma fase de amadurecimento. Para encontrar uma linha vasta de produtos licenciados no mercado, como vemos com marcas infantis ou filmes de heróis, é necessário que alguns pilares estejam bem posicionados, como o desejo dos fãs, preparo da detentora da marca e por fim demanda na indústria de licenciamento", explica Anelise Soares, gerente de licenciamento da Ubisoft para a América Latina.

No caso das organizações, especificamente, um caso bem emblemático é o da Team Liquid. Referência em eSports em âmbito mundial, a Cavalaria criou uma base de fãs muito forte no Brasil em curto período – primeiro, com a vitoriosa line de Rainbow Six Siege; agora, com o time de Free Fire, campeão da primeira edição da Liga Brasileira. Embora os jogadores constantemente façam propagandas dos produtos em seus perfis, por que ainda não existe uma loja?

Camisa oficial da Team Liquid ainda não está a venda no Brasil. Organização espera entrar com produtos no mercado nacional ainda em 2020

– "Importar o produto torna o preço impraticável. Não vemos outro caminho, exceto trabalhar com um produtor local. Nestes dois anos, esbarramos em diversos problemas como qualidade, custo, capacidade produtiva, processo de pré e pós venda, logística… Infelizmente, o Brasil é muito carente quando a exigência por qualidade é grande, como o nosso caso. Em contrapartida, estamos trabalhando com um parceiro que se mostrou com grande potencial e, se tudo correr bem, teremos a aprovação do mesmo nos próximos meses", afirma Rafael Queiroz, manager da Team Liquid.

Sou prova viva de que brasileiros consomem, e muito, produtos de eSports. Cobri cinco mundiais de Rainbow Six fora do país e, em todos, encontrei compatriotas em busca de itens que não encontram por aqui. As lojas, inclusive, costumam esgotar tudo o que levam para vender nos campeonatos. Não há dúvidas de que, com o tempo, isso será realidade também por aqui. Aí, meu amigo, haja cartão de crédito…

Sobre o Autor

Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.

Sobre o Blog

No GGWP você encontra análise dos cenários competitivos no Brasil e no mundo, além dos bastidores do universo envolvendo times, pro-players e novidades em geral.