Pro-players e mau comportamento: passou da hora de mostrar profissionalismo
Jogadores profissionais de esportes eletrônicos, polêmicas e redes sociais: está aí um combo extremamente perigoso. Em 2020, já acompanhamos diversos casos dignos de análise aprofundada. Afinal, o que faz os pro-players, muitas vezes, utilizarem o principal canal de comunicação designado a eles de uma forma tão irresponsável? Compreender fica ainda mais difícil quando percebemos que as palavras escritas em suas páginas oficiais podem ter impactos dos mais diversos tipos: do bolso ao desempenho esportivo.
Em junho, um dos melhores jogadores brasileiros de CS:GO da história, Fernando "fer", foi multado pela MiBR após se envolver em uma confusão na qual proclamava uma frase racista, dizendo que o cabelo de uma pessoa acompanhando sua stream e o criticando seria "duro e ruim". Ele gravou um vídeo, se desculpando e dizendo que não entendia profundamente sobre racismo estrutural. A verborragia se transformou em desfalque na carteira.
O Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL), mais recentemente, se tornou um case interessante em meio às adaptações causadas pela pandemia do coronavírus. Com os jogadores atuando em suas casas ou nos respectivos gaming offices, a Riot deixou claro que que diversas boas maneiras deveriam continuar sendo seguidas dentro do game, uma vez que há transmissões em curso e se trata de um produto comercial.
De nada adiantou: mesmo com perdas de banimentos no jogo, o que prejudica consideravelmente o trabalho de estratégia de qualquer comissão técnica no momento do draft, além de multas, os jogadores continuam descumprindo uma regra básica: não apertar ALT + F4 e fechar o game antes que ele, de fato, se encerre. Sim, é uma prática comum em partidas ranqueadas, mas… Puxando para o futebol, não dá para minimizar profissionalismo evocando regras da várzea, certo?
Além disso, a postura dos jogadores, dentro ou fora do jogo e redes sociais, pode impactar diretamente em suas carreiras. No Free Fire, Everton "UBiTa", um dos melhores jogadores do cenário competitivo, se envolveu numa confusão com a namorada de um outro jogador. O ato foi considerado machista e o jogador que defendia a paiN Gaming foi desligado da equipe por não estar de acordo com os valores do time durante a semana decisiva da LBFF. O Pro Player também foi banido dos campeonatos oficiais da Garena por tempo indeterminado.
Retomando o tema das redes sociais e ainda no ambiente do LoL, o caso mais simbólico entre os recentes foi o de Filipe "Ranger". Em maio, por conta de comportamento inadequado no servidor brasileiro, o Flamengo foi penalizado com uma multa de R$ 2 mil. Mais recentemente, após uma piada de cunho xenofóbico no Twitter, outra multa, de R$ 5 mil, além de suspensão de uma partida do CBLoL, em um momento fundamental para sua equipe na competição.
Ainda há um longo caminho de preparação para as organizações no que se trata de treinamento de mídia para seus jogadores. Não só pela postura nas redes sociais, mas muitas vezes por não entenderem que, ao carregar o escudo de uma organização, com seus patrocínios e história, toda e qualquer atitude tem um reflexo ramificado, e não somente em torno do próprio umbigo. Embora cada um seja responsável pelo que fala e faz, a imagem entre pro player e clube é indissociável.
É necessário ter responsabilidade. No meio jornalístico, é recorrente notar jogadores que não fazem ideia do quão importante é dar uma entrevista, por exemplo. Trata-se de uma exposição de marca para clube e patrocinadores – ou seja, quem paga o salário do profissional. O esporte eletrônico já está suficientemente maduro no Brasil e não pode tolerar amadorismos, seja em qual esfera de atuação for.
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