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Brasil e Worlds: uma história de suposições e debate eterno

Leo Bianchi

29/09/2020 09h00

INTZ após eliminação na primeira fase do Mundial de LoL de 2020, na China (Divulgação/Riot Games)

Todo ano a história se repete. O time brasileiro é eliminado precocemente do Mundial de League of Legends, e as redes sociais retomam uma discussão sem fim: afinal, qual a solução para melhorar o desempenho internacional do país no game? O que precisa mudar imediatamente para irmos além no Worlds? Memes, fórmulas mágicas e pérolas à parte, há diversas reflexões a serem feitas sobre o cenário competitivo nacional e o que ele representa para os fãs de eSports.

Um fato: a comunidade brasileira do LoL é extremamente fiel. Temporada após temporada, as audiências seguem crescendo, e a Riot Games continua se reinventando para entregar um grande produto ao torcedor. Na última final, por exemplo, 396 mil pessoas assistiram ao confronto entre INTZ e paiN no YouTube e na Twitch – com média simultânea de 342 mil, segundo dados levantados pela Stream Hatchet, empresa especializada do ramo.

Outro fato: o Brasil está isolado geograficamente de regiões que permitam um intercâmbio competitivo. A LLA, competição latina do game, antes estava mais próxima, no Chile, o que abria possibilidade de um contato mínimo com novas ideias. Agora no México, o cenário se aproximou dos Estados Unidos, abrindo um leque de possibilidades. O Brasil segue dependendo de bootcamps pontuais e dois dois encontros anuais com times de outras regiões: no MSI e no Worlds.

Brasileiros da INTZ depois de mais um fracasso no mundial de League of Legends (Reprodução/Riot Games)

Há que se levar em conta também os investimentos feitos no país. A Riot já deixou claro que uma das metas do sistema de franquias é alavancar o desempenho internacional dos representantes brasileiros – prevendo metas com as organizações que fecharem a parceria a longo prazo com a empresa. Não é como se a produtora tentasse esconder a realidade. Pelo contrário: pensa muito em fórmulas para mudá-la.

– Vamos estimular a performance, o desempenho internacional. Temos combinadas uma série de metas de desempenho do Brasil em campeonatos internacionais (…) Chamamos atenção de outras ligas do mundo pela força da comunidade. Tenho certeza que, esportivamente, vamos gerar reais transformações no desempenho – afirmou recentemente Carlos Antunes, head de eSports da Riot Games, em entrevista coletiva sobre as franquias.

A criação da liga Academy como substituta do Circuito Desafiante, antes equivalente à segunda divisão do cenário competitivo, é um estímulo evidente à formação de novos atletas e um atrativo para que mais jogadores casuais talentosos tenham vontade de se inserir nesse contexto. Hoje, há um contraste entre um enorme engajamento da comunidade brasileira com o League of Legends, estabelecido como um dos maiores eSport do país, contra um desempenho internacional que não evolui.

É evidente que bater de frente com adversários maiores e vencê-los aumenta ainda mais o orgulho e a conexão entre torcedores e o cenário regional. Todo brasileiro que gosta de LoL certamente acordou os vizinhos quando a INTZ derrubou o Nexus da Team Liquid nesta segunda-feira e ficou incrédulo quando a equipe abriu vantagem para cima da MAD Lions, mas não conseguiu finalizar o jogo e acabou eliminada.

Parece genérico, mas é de profissionalismo irrestrito que o cenário nacional precisa para seguir adiante. Jogadores que tenham mente aberta para aprender, organizações que cobrem à altura dos seus investimentos e mente lá na frente. Seria raso tratar o sistema de franquias como uma solução divina, mas é inevitável projetar um campeonato que se cobrará muito mais, enquanto um produto de todos os envolvidos, por melhores resultados em todos os âmbitos.

O sentimento de pertencimento dos donos e dirigentes das 10 organizações que vão compor o CBLoL e trabalharão em parceria, efetivamente, traça um panorama promissor. É evidente que teoria e prática são coisas diferentes, mas a mentalidade e o projeto observado a longo prazo são fundamentais para mudanças efetivas – mais do que qualquer debate vazio em redes sociais.

CBLoL será com sistema de franquias a partir de 2021 (Foto: Riot Games/Divulgação)

Sobre o Autor

Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.

Sobre o Blog

No GGWP você encontra análise dos cenários competitivos no Brasil e no mundo, além dos bastidores do universo envolvendo times, pro-players e novidades em geral.