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Pro-player tem de saber perder. E poucos perderam tanto quanto Canadian

Leo Bianchi

27/02/2020 04h00

Troy Canadian: o jogador de Rainbow Six Siege é sinônimo de resiliência nos eSports (Divulgação/Ubisoft)

Parece clichê, mas uma das premissas básicas de qualquer pessoa disposta a praticar um esporte de forma competitiva é saber perder. Nos eSports, isso se intensifica pelo número de torneios realizados. Os jogadores estão praticamente o tempo inteiro em disputa e, obviamente, derrotas são inevitáveis. Uma prova viva disso, em história que envolve superação, personalidade e muita vontade de vencer, é Troy Jaroslawski, também conhecido como "Canadian".

Profissional de Rainbow Six Siege desde os primeiros passos do cenário competitivo, o atleta de 23 anos recém-conquistou o Six Invitational – principal torneio do FPS da Ubisoft, realizado em Montreal, no seu país de origem. Com a Spacestation Gaming, venceu, de virada, os brasileiros da Ninjas in Pyjamas, em uma decisão épica. Provou para si mesmo, outra vez, que era capaz de voltar a erguer a tão desejada marreta que serve de troféu do campeonato.

Canadian com o Martelo: o troféu do torneio mais importante do Rainbow Six Siege. Ele é o capitão da Spacestation Gaming (Divulgação/ESL)

Apesar do nome indiscutivelmente marcado na história do R6, Canadian ficou marcado por uma série de vice-campeonatos. Em 2017, ele conquistou a primeira edição do Invitational – ainda bem menor, com apenas seis equipes, vestindo a camisa da Continuum. De lá para cá, caminhou em uma trajetória de frustrações que a continuidade parecia beirar o masoquismo.

Pela Evil Geniuses, em 2018, tomou duas pancadas inacreditáveis. Na final do Invitational, ajudou seu time a abrir 2 a 0 em uma série melhor de cinco partidas e levou a improvável virada. Meses depois, chegou à decisão outra vez, no Major de Paris. Contra a G2, foi atropelado por 3 a 0 e marcou mais um vice em seu currículo. Não desistiu.

"1043 dias. Canadian levou 1043 dias e perdeu 6 finais presenciais antes de vencer outro evento presencial"

No ano passado, novamente com a EG, encarou a Team Empire, da Rússia, na final da Pro League Milão. A história se repetiu em série melhor de três: saiu na frente, levou a virada e amargou o vice. Mudou de time. No primeiro campeonato internacional com a Spacestation Gaming, o OGA Pit Minor, na Croácia, adivinhe? Chegou à decisão. E, uma vez mais, fracassou. Derrota para os brasileiros da Team Liquid.

Como bom canadense, Troy passou a infância jogando hóquei. No gelo, aprendeu a cair e se levantar – literal e figurativamente. Teve uma série de concussões no esporte tradicional de seu país natal e nunca abaixou a cabeça. Batalhou para, de uma forma ou outra, orgulhar seus pais e fazer história. A personalidade efusiva, repleta de gritos no palco, parece um misto de desabafo e histeria.

Canadian é conhecido pelas comemorações exaltadas e cheias de provocações. Foto: Leo Sang/Ubisoft

– Quando se assiste ao Troy, você sente a intensidade, a paixão. Nós o chamamos de Troy "Uhul", porque ele sempre grita isso no palco – afirmou Niklas "Pengu", no filme "Rainbow Six Siege: Em Busca da Vitória", produção que conta a história de ambos, além da trajetória do brasileiro Leo "Zigueira".

O triunfo sobre a Ninjas in Pyjamas no último domingo, saindo de uma situação desfavorável para vencer, de virada, é uma história que ficará marcada em Canadian e em todos os fãs de eSports. Independentemente do número de derrotas que se amargue, o doce sabor da vitória vale cada segundo de persistência. E, nisso, os games dão exemplo!

Foto: Petar Chau

Sobre o Autor

Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.

Sobre o Blog

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