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Fim do "hate"? Time de LoL processará quem ameaçar jogador em rede social

Leo Bianchi

17/08/2020 11h55

A organização coreana T1, uma das principais da Coreia, anunciou que vai processar quem atacar jogadores ou membros da comissão técnica em redes sociais (Foto: Divulgação/Riot Games)

Os esportes eletrônicos têm como um dos seus principais trunfos o caráter democrático no que se refere aos seus praticantes. Não importa idade, gênero, biotipo corporal… Todos podem jogar juntos. Na contramão disso, a disputa online traz um sério problema: a toxicidade. Como combater "inimigos invisíveis" em uma rede conectada mundialmente, onde não há impedimentos para que se crie um perfil falso e se distribua ódio de maneira aleatória? Ainda que isso pareça bizarro e sem sentido, é mais normal do que muitos imaginam.

Ao contrário de modalidades tradicionais, os eSports permitem que jogadores profissionais e fãs estejam "próximos" o tempo inteiro. Por meio de redes sociais, os players interagem com quem os acompanha. As streams aumentam ainda mais essa proximidade. Mas e quando o momento é negativo, essa relação se mantém saudável? Infelizmente, na maioria dos casos, não. Temos inúmeros exemplos de como a paixão dos torcedores (não só os brasileiros) pode ser doce e amarga.

Bicampeão de Major e com inúmeras taças conquistadas ao longo da carreira profissional no Counter-Strike: Global Offensive, Epitácio "TACO" é um ótimo exemplo disso. Mesmo sendo um dos protagonistas dos momentos mais gloriosos da história brasileira no game, teve de ouvir e ler diversas vezes comentários negativos culpando-o por derrotas. A legenda da foto abaixo resume perfeitamente: "O amor de vocês me faz forte. O ódio me faz imparável. Me ame, me odeie. Lide com isso".

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"Your love makes me strong, your hate makes me unstoppable." Love me Hate me Deal with it!

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Nesse contexto, uma iniciativa que chamou muito a atenção nesta semana foi a da tricampeã mundial de League of Legends, T1 – a antiga SKT, organização onde joga Lee "Faker", o Pelé do MOBA da Riot Games. A equipe divulgou um comunicado oficial, assinado pelo seu CEO, Joe Marsh, no qual avisa que tomará medidas legais contra quem enviar ameaças ou praticar qualquer tipo de assédio moral com jogadores e funcionários da T1.

Como disse o executivo em seu comunicado, a saúde e a segurança precisam estar em primeiro lugar. Absolutamente nada justifica ir ao perfil de alguém, seja ele o melhor do mundo em sua modalidade ou apenas um iniciante, e destilar ódio. Esporte não é isso. O eSport, muito menos. Os games dão exemplo ao redor do mundo, com torcedores de equipes adversárias dividindo espaços nas arquibancadas lado a lado, sem a selvageria do fanatismo cego. Não se pode deixar que isso seja perdido.

 

Se os ataques virtuais violentos continuarem, estudaremos ações legais para acabar com isso. A saúde e a segurança de nossos jogadores continuam sendo nossa prioridade máxima –não há lugar para o ódio nos eSports – trecho de comunicado da T1

A responsabilidade, neste sentido, é de todos. Comportamentos tóxicos não podem ser estimulados de nenhuma forma, por ninguém – sejam pro players, streamers, casters, organizações ou torcedores. Competir e querer vencer é natural. Narrativas de rivalidade são maravilhosas para qualquer cenário esportivo. Levar às últimas consequências, não. A internet pode não ter o "fator presencial" de protestos de torcidas que acontecem no futebol, por exemplo, mas não é "terra de ninguém". Crimes virtuais continuam sendo crimes.

Rastrear de onde estão sendo distribuídas mensagens tóxicas é uma tarefa complicada e que requer grande empenho, envolvendo autoridades e instâncias mais sérias. A iniciativa da T1 é louvável e deve ser repetida por outras organizações para servir de exemplo. Quanto mais os "torcedores" que cometem esses atos forem coibidos, mas eles se sentirão reticentes antes de disparar uma mensagem que visa ofender alguém.

O impacto da toxidade de torcedores pode ser devastadora até mesmo em jogadores profissionais experientes. Casos de depressão já surgem como resultado da irresponsabilidade de muitos fãs (Reprodução/ESL).

Sobre o Autor

Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.

Sobre o Blog

No GGWP você encontra análise dos cenários competitivos no Brasil e no mundo, além dos bastidores do universo envolvendo times, pro-players e novidades em geral.