O projeto AfroGames pode salvar uma geração nas favelas
Uma das principais funções do esporte, por muitas vezes esquecida, seja qual for a modalidade, é o papel social. A prática esportiva é capaz de mudar vidas, transformar sonhos e gerar esperança de formas diversas. No ambiente do esporte eletrônico, muitas vezes elitista e pouco acessível, algumas iniciativas têm se aplicado ao máximo para colocar os games como um vetor de novos horizontes na sociedade.
Inaugurado em maio do ano passado, o projeto AfroGames é um grande exemplo neste sentido. Idealizado pelo AfroReggae, o trabalho fundou, dentro da favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, um centro de treinamento de eSports. A ideia é formar não somente jogadores, mas profissionais de diversas áreas desse ecossistema, de maneira a fazer com que as atenções dos jovens se voltem para um ambiente atrativo e funcional.
No início, o trabalho foi voltado a cursos de League of Legends, Programação de Jogos, Produção Musical para Games e também a aulas de inglês. Agora, haverá também aulas de Fortnite. Os grandes responsáveis são o empresário Ricardo Chatilly e o CEO do AfroReggae Audiovisual, José Junior – apoiados por marcas como Fusion e HyperX.
"O AfroReggae há 27 anos promove a justiça social nas favelas do Rio e insere pessoas que não têm acesso às ferramentas necessárias para reduzir as desigualdades sociais. Com o AfroGames não é diferente, pensamos que, num país onde mais de 50% da população brasileira é negra, o mundo dos games no Brasil ainda é uma barreira à juventude negra" disse William Reis, coordenador executivo do AfroGames.
Não é novidade o papel educativo do esporte eletrônico em diversas vertentes, mas iniciativas como essa devem servir de exemplo não só para empresários e organizações envolvidos no cenário competitivo, mas para políticos que continuam tratando os games como vilões em uma sociedade tão desigual. Os eSports podem abrir muitas portas, tirando crianças da violência das ruas – e não o contrário, independentemente do estilo do jogo.
No início deste mês, uma reportagem do jornal "O Globo" mostrou uma das formas de inclusão proporcionadas pelo esporte eletrônico mais incríveis da história. 56 indígenas de oito etnias disputam um torneio de Free Fire no interior de Rondônia. A ideia foi do Movimento da Juventude Indígena do estado, que escolheu o Battle Royale da Garena justamente pelo caráter democrático – não exigindo grandes configurações dos celulares. O objetivo era aproximar jovens de diferentes origens.
Cada dia mais, vemos jogadores, streamers e times com alcance cada vez maior e se tornando forma de entretenimento para todas as faixas de idade. É necessário lembrar, porém, que à parte da criação de conteúdo e do show propriamente dito, o esporte tem um papel social a cumprir. É admirável que tantos brasileiros façam sucesso e ganhem relevância em contexto mundial com os games, mas uma posição de privilégio demanda também inteligência e visão para espalhar o bem.
Temos bons exemplos neste sentido, que já foram abordados anteriormentes aqui no GGWP, como Alexandre "Gaules" e Felipe "YoDa". A construção de uma figura relevante e a emancipação dos esportes eletrônicos perante a sociedade dependem dessa consciência. Quanto mais trabalhos tivermos nesse sentido, mais a imagem demonizada dos games, tão espalhada por figuras inconsequentes, se tornará, de fato, algo sem sentido e deixado para trás. Games são, e sempre serão, inclusão, e não exclusão.
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