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Pastor, humorista gospel, pro-player, fenômeno da internet. Conheça EL GATO

Leo Bianchi

08/02/2020 08h00

Ele mora numa mansão, adora exibir seu carro importado, faz pose em cassinos de Las Vegas… Rodrigo Fernandes, de 26 anos, "vive a vida" como ele mesmo classifica o atual momento. Conhecido na internet como EL GATO, o jogador de Free Fire, jogo do gênero Battle Royale para celulares, é um fenômeno na internet.

No YouTube, ele tem 7,2 milhões de inscritos (quase o mesmo número, por exemplo, do consagrado canal de esporte Desimpedidos, que acumula 7,9 milhões). No Instagram são 2,8 milhões de seguidores – a mesma marca do apresentador do BBB, Tiago Leifert. EL GATO é o maior nome do setor mobile e dono de um incrível talento de comunicação que o levou ao sucesso.

Nascido em Cerejeiras (Rondônia), uma cidade de pouco mais de 15 mil habitantes, EL GATO e seus dois irmãos foram criados apenas pela mãe Solange. O pai abandonou a família quando ele tinha quatro anos. Desde então, nunca mais o viu.

Tem um momento que a gente precisa de carinho e atenção, precisa disso e faz falta. No dia dos pais… Mas eu acostumei, minha mãe sempre foi presente. Ela sempre supriu essa ausência e cuidou da gente

Quando o marido foi embora, dona Solange se mudou para Belo Horizonte (MG) e levou os três filhos para morar na casa de um familiar. "Foi tudo muito difícil na minha infância. Morávamos numa casa com 6 pessoas e o dinheiro era contado. Cheguei em Minas só com a roupa do corpo. Lá, minha mãe fez um curso de cabeleireira e começou a trabalhar nessa área pra sustentar a família", lembra EL GATO.

A casa em que vivia ficava perto de uma favela e, aos 12 anos, o garoto se envolveu com drogas. "Eu aprontei muito, cheirei muita cocaína… Morava do lado de uma comunidade e convivia muito com isso, acabei me influenciando. Eu vendia latinha e roubava fio de cobre para manter o vício", recorda. Desesperada, a mãe resolveu mandá-lo de volta para Rondônia.

Casa em que El Gato morou com o irmão em Cerejeiras (Rondônia)

Lá, morou com o irmão mais velho numa casa simples (foto acima), cujo aluguel era de R$ 120 reais. Não tinha geladeira, sofá nem cama. Todo o luxo eram colchões e um fogão à lenha. "Foram 6 meses comendo arroz com cenoura. Eu ia pra estrada pra roubar milho nas lavouras. Depois, arrumei um emprego num laticínio, e aí deu pra comer melhor. Minha mãe também me mandava um dinheiro, ela tinha se mudado para os Estados Unidos, foi para lá trabalhar", explica.

Como era de família religiosa, EL GATO foi levado pelos tios para a igreja. Ele não só se converteu, como passou a pregar, mas do jeito bem humorado dele. Com o dinheiro que a mãe mandava, comprou um celular e começou a gravar vídeos de humor gospel que, num primeiro momento, lhe rendiam 50 dólares por mês do YouTube. O principal hit era a dublagem dos gatos Ginger (vídeo abaixo) – daí o apelido EL GATO.

O canal chegou a bater um milhão de inscritos, mas, como ele próprio conta, passou a fazer paródia e se vestir de mulher. "Comecei a exagerar. Foi negativa a repercussão dentro da igreja, porque não pegava bem". Resultado: perdeu público e buscou uma nova solução.

EL GATO resolveu abandonar o humor gospel e passou a fazer stand-up comedy. Não demorou para os convites para shows aumentarem. Aos 23 anos, resolveu se mudar para São Paulo para focar na carreira humorística. Porém, quem diria, havia um Free Fire no meio do caminho.

Criou do zero um novo canal no YouTube focado em gameplays do jogo mobile e, em menos de três meses, já tinha um milhão de inscritos. "Não tinha ninguém fazendo humor no Free Fire e que fosse bom jogando. Eu peguei (o elo) Mestre na época, que era difícil. Então deu nisso".

Convidado para jogar num time, aceitou. No entanto, logo saiu e criou a própria equipe: LOS GRANDES, hoje participante da primeira divisão da Liga Brasileira de Free Fire. Chegou a atuar profissionalmente em uma temporada do game. Daí em diante, o sucesso foi meteórico.

Com carisma e eloquência na sua fala, herdada das pregações, somadas ao humor leve e que atinge todas as idades, os vídeos dele jogando Free Fire bombaram na internet. O dinheiro veio e já não era mais problema. EL GATO, então, se tornou empreendedor. O time dele virou um negócio que vai muito além de disputar campeonatos: descobre e alavanca novos jogadores na internet. Promove eventos e comercializa seus talentos junto às marcas.

"Hoje tem estrutura, contrato, mas quando começou era apenas um monte de amigos. Hoje chegam aqui pequenos, e a gente ajuda a crescer. Temos a Peneira LOS GRANDES, que é um campeonato interno transmitido na internet. Quem vence ganha um contrato e uma estrutura, como celular e um salário fixo", conta EL GATO.

Ele não esconde de ninguém que está rico e ajuda a família. Os irmãos trabalham com ele, embora a mãe siga vivendo nos Estados Unidos. "Hoje é outra coisa, tenho uma vida boa. Casa, carro, um bom contrato. Faço o que eu gosto, ganho bem e estamos aí, vivendo. Não caiu a ficha. Às vezes a realidade não cai, porque as pessoas pedem pra tirar foto comigo. Mas eu não deixo subir pra cabeça, eu não perdi a minha essência. E não planejo mudar não!", garante.

El Gato participa da transmissão na estreia da Liga Brasileira de Free Fire (LBFF)

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Sobre o Autor

Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.

Sobre o Blog

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