Em tempos de quarentena, o trabalho dos streamers se tornou ainda mais importante e relevante para a comunidade dos eSports. Trata-se de uma função que o profissional pode desempenhar sem sair de casa, cumprindo todos os protocolos de prevenção à pandemia. E se há alguém que entende do que estamos falando, que junta gameplay a entretenimento como poucos, é Felipe "YoDa" Noronha.

É raro encontrar jogadores profissionais, não só de League of Legends, mas da maioria dos games, que desempenhem em alto nível e, ao mesmo tempo, saibam atrair público para streams. YoDa, campeão do CBLoL pela RED Canids em 2017, transferiu para suas transmissões um poder de captar espectadores impressionante. Tem uma fan base fidelizada e sabe trabalhar isso.

Ex-nadador profissional, tendo sido inclusive patrocinado pelo medalhista olímpico Fernando "Xuxa" Scherer, YoDa transformou o League of Legends em parte fundamental da sua vida após uma lesão no joelho, que o tirou das piscinas. Filho de militares, passou a abrir espaço para um improvável futuro, que o consagrou na internet.

No fim do ano passado, se envolveu numa polêmica com a comunidade de Free Fire ao fazer um meme pedindo votos para o Prêmio. Na oportunidade, disse que os jogadores do game mobile da Garena eram "Cornos". Nobru e El Gato, jogadores de Free Fire, não gostaram e YoDa, por sua vez, reforçou que tudo não passara de uma brincadeira e, mesmo assim, pediu desculpas. "Sei da luta de vocês. O Free Fire dá oportunidade para molecada da favela, da periferia, que não tinha onde morar, viver, a ajudar a família. Trabalho com empresa, já fiz coisas com o Free Fire, eu trabalho com eSport. Essa é minha comunidade, vivo disso há oito anos. Não vou parar de fazer piada. Vou continuar zuando, sem desmerecer.", explicou YoDa, na época.

Misturando bom humor e uma veia empreendedora, com apoio da mãe e empresária Adriana Noronha, criou uma série de projetos interessantes. Tirou do papel a própria marca de roupas e acessórios, criou um talk show voltado ao cenário do LoL, bateu diversas marcas na Twitch, virou professor e idealizador de cursos profissionalizantes na Live Arena. Agora com a quarentena, uma vez por mês, dá aula grátis do curso que tem no Senac EAD de criação de conteúdo (como ser streamer e youtuber). Por tamanha versatilidade, YoDa Ganhou quatro troféus do Prêmio eSports Brasil, sendo o de Personalidade do Ano em duas oportunidades – 2017 e 2018.

Mais recentemente, criou o YoGamers do Bem, instituto sem fins lucrativos para ampliar a oportunidade de jovens de escolas públicas e promover inclusão para o mercado de games e tecnologia. No ano passado, ele já havia promovido o Futebol dos Streamers, uma partida amistosa com ele e Felipe "brTT" como capitães, transmitida pela Twitch e com R$ 20 mil de arrecadações.

Em um mercado com tantas possibilidades e opções como é o gamer, YoDa parece saber explorar cada mínimo detalhe. Não se limita. Criou uma identidade própria, com direito a bordões, e características próprias para suas streams. Trabalha o público de forma específica em cada horário. Estuda quem o acompanha. O sucesso, definitivamente, não é à toa.

Pense em uma transmissão de futebol. Independentemente da emissora, não basta que ela somente mostre o jogo. A criação de conteúdo é parte fundamental. Fazer com que o público se sinta entretido e queira interagir em torno do evento é um desafio. Nos eSports, não é diferente. Por que alguém fica horas e horas a fio diante de uma tela, acompanhando outra pessoa jogar, na companhia de outros milhares? Não há "segredo", mas trabalho bem feito. E nisso, YoDa é digno de aplausos.