Do Timão ao River Plate: o futebol está cada vez mais perto dos eSports
Leo Bianchi
25/07/2020 09h00
O Corinthians hoje é o clube de futebol de mais sucesso nos eSports. A equipe foi campeã mundial de Free Fire em 2019 (Foto: Garena)
A relação entre os grandes clubes de futebol e os eSports é cada vez maior e mais íntima –tanto em âmbito nacional, como também nas mais variadas regiões do mundo. O exemplo mais recente foi a expansão do River Plate, gigante argentino, tetracampeão da Taça Libertadores da América, que anunciou uma escalação de Counter-Strike: Global Offensive e ampliou ainda mais sua operação, antes voltada ao League of Legends e ao futebol virtual.
No Brasil, o Flamengo, dono da maior torcida do país, é um dos maiores expoentes do LoL, modalidade mais popular de eSports por aqui. Chegou em todas as quatro finais do CBLoL realizadas desde que conquistou a vaga na elite, saindo do Circuito Desafiante (equivalente à segunda divisão), e levantou a taça de campeão brasileiro em 2019, em uma Jeunesse Arena lotada por mais de 10 mil torcedores no Parque Olímpico do Rio de Janeiro.
Liderado por Felipe "brTt" (hoje na paiN), o Flamengo conquistou o título do Campeonato Brasileiro de League of Legends em 2019 (Foto: Riot Games)
Outro grande exemplo é o Santos. Após a primeira parceria nos eSports, com a Dexterity, que rendeu um grande trabalho no Rainbow Six Siege (semifinalista de Mundial em 2017), hoje o Peixe, com nova parceria (desta vez com a HotForex), está na elite do cenário competitivo nacional não somente do FPS da Ubisoft, mas também no League of Legends, no Free Fire e na disputa do CBCS, um dos principais torneios do país no CS:GO.
Embora os exemplos se multipliquem em todo o país, com uma capilaridade maior por parte do Free Fire, levando em conta o tom democrático do game, a verdade é que ainda há muita resistência por parte de dirigentes conservadores –especialmente em grandes clubes. Muitas vezes, alguns gigantes, como o Corinthians, acenam um avanço nesse sentido, mas acabam recuando no momento de, de fato, investir na área.
Nos Estados Unidos, o envolvimento de astros dos esportes tradicionais com organizações de eSports parece estar um passo à frente. Que o diga o tricampeão da NBA, Rick Fox, um dos cofundadores da Echo Fox. Há diversos exemplos de diretores, ex-jogadores e grandes estrelas que já brilharam nas principais ligas americanas e hoje defendem um avanço nos esportes eletrônicos. As ligas de NBA 2K e de Madden, game oficial da NFL, também são um sucesso.
Na Europa, os clubes e campeonatos não só se mostram muito envolvidos, como projetam a relação com os eSports a longo prazo. La Liga, o Campeonato Espanhol, recentemente renovou sua licença com a EA Sports para estar presente no FIFA por 10 anos, ao mesmo tempo em que desenvolve o seu campeonato próprio do game, a eLa Liga, com 34 clubes e premiações que beiram os R$ 600 mil no total.
Todos esses exemplos dão um recado claro: o Brasil tem muito espaço para crescer com seus próprios clubes nos eSports, engajando a torcida e trazendo torcedores que, muitas vezes, não olham para futebol com o mesmo entusiasmo que veem os games. Tal qual no próprio futebol, talentos já são exportados cedo nesse contexto e defendem equipes europeias. Que, cada vez mais, tenhamos investimentos condizentes com o tamanho de nossas promessas no esporte eletrônico, e que os clubes saibam ir além do usual.
Sobre o Autor
Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.
Sobre o Blog
No GGWP você encontra análise dos cenários competitivos no Brasil e no mundo, além dos bastidores do universo envolvendo times, pro-players e novidades em geral.