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Free Fire 3 Anos: Qual o segredo do sucesso do battle royale da Garena?

Leo Bianchi

22/08/2020 08h00

Torcida no Mundial de Free Fire 2019, no Rio de Janeiro (Divulgação/Garena)

Um dos games que revolucionou o conceito de inclusão no esporte eletrônico, Free Fire completa três anos neste sábado (22). Diversos fatores explicam o crescimento do Battle Royale da Garena e sua consolidação como modalidade competitiva ao longo desse período. O acesso democrático, traduzido nos requisitos básicos acessíveis, foi importantíssimo para que se atingisse o patamar atual. Porém, nada supera em importância a construção da comunidade, representada por fãs, streamers e criadores de conteúdo, como alicerce do que hoje é o game no Brasil.

A valorização dos influenciadores por parte da Garena transformou o Free Fire não só em um sucesso de downloads e horas jogadas, mas também de mídia. Somente no mês de agosto, por exemplo, temos três exemplos de competições que fomentaram o cenário competitivo sem serem os torneios "oficiais" da produtora: a Copa Nobru (idealizada pelo pro player do Corinthians), o Campeonato do Alok (promovido pelo DJ, figura icônica do game) e o CampLota (torneio feminino da apresentadora Camilota XP).

Em muitos mercados de crescimento acelerado, como Brasil e México, onde o Free Fire tem um bom desempenho, os jogadores estão cada vez mais saindo de PCs e consoles e indo direto para o celular como sua plataforma de jogos preferida, e Free Fire foi projetado com eles em mente – Garena, em entrevista ao START

Na estreia da Copa Nobru, ao lado do também streamer El Gato, transmissão teve pico de audiência de 314 mil espectadores simultâneos (Foto: Reprodução/Nobru).

Os três são figuras de áreas distintas, mas que, à sua maneira, simbolizam como o Free Fire está se movimentando o tempo inteiro no cenário nacional. Mesmo nos períodos entre os splits das principais competições, como a LBFF (Liga Brasileira de Free Fire) e, mais recentemente, a C.O.P.A. FF, o fã do Battle Royale nunca está carente de conteúdo para consumir. Pelo contrário: é até complicado encontrar tempo suficiente para acompanhar tudo, entre torneios e streams, tamanha a oferta gerada pela comunidade.

Não à toa a Garena tem a BOOYAH!, própria plataforma de streams, para abrigar conteúdo 24 horas por dia, sete dias por semana. Os números respondem por si só. Recentemente, Bianca "Thaiga", streamer e influenciadora diretamente ligada ao League of Legends, foi contratada pela LOUD – organização sedimentada no Free Fire. Seus números se multiplicaram de maneira surreal em todas as redes sociais. No Instagram, por exemplo, saiu de 285 mil seguidores para 1,6 milhão. A fidelização do público é impressionante.

Nesse sentido, existem os famosos "codiguins" – códigos de acesso para obtenção de recompensas dentro do game. Mesmo sendo um jogo grátis, o Free Fire lucra milhões por meio da comercialização de itens estéticos no jogo, transformados em uma autêntica cultura na relação entre os fãs e os criadores de conteúdo, que distribuem os prêmios e engajam seu público de maneira impressionante através desse trabalho. É importante ressaltar: a venda dos códigos é proibida. O trabalho é voltado para fomentar o consumo do game.

Eventos, copas, desafios de streamers… A Garena busca o tempo todo formas de não deixar o fã de Free Fire na mão. E a criatividade é gigantesca. O trabalho se estende desde simples confrontos nos diferentes modos do game, até duelos com regras específicas, como foram as "Freefíadas" – campeonato com modos bastante inusitados, como Corrida com Obstáculos, Só Sniper, Só Soco, Abate Logo, Só Última Safe, Pega Pega…

Em muitos games, os maiores astros são os pro players. Vencer campeonatos e criar o nome no cenário competitivo é o que interessa. No Free Fire, a movimentação que observamos é muito mais voltada a quem cria um conteúdo interessante e sabe cativar seu público de diferentes maneiras, fazendo com que ele permaneça fiel não só à sua stream, mas também ao próprio jogo em si. O fã é "cercado" de tal maneira, com tanta coisa para acompanhar, que se mantém, em boa parte das vezes, exclusivamente ligado ao game.

São estimados 100 milhões de jogadores diários de Free Fire, de acordo com a Sea Limited, empresa ligada à Garena. Mesmo com um fenômeno forte essencialmente na América Latina e no Sudeste Asiático, o game bate de frente com gigantes dos eSports com muito mais tempo de caminhada no mercado. O Brasil parece saber valorizar cada vez mais o título como uma potência não só competitiva, mas de entretenimento e cultura. Qual jogo é tão conhecido em um país de dimensões continentais e com realidades socioeconômicas tão variadas como o Brasil?

Manter-se no topo de uma indústria tão concorrida como a dos games não é tarefa fácil. Títulos vão e vêm o tempo todo. Alguns crescem e desaparecem com a mesma velocidade. Ter como respaldo uma comunidade fiel e que faz questão de consumir tudo relacionado ao game é essencial para que a curva de evolução continue. O Free Fire entendeu isso e construiu um alicerce poderoso. A tendência é de aniversários cada vez mais felizes ao longo do futuro.

Construir comunidades em todo o mundo, especialmente por meio de nossos eventos de eSports, também é importante para nós, pois reúne pessoas de todas as origens, que têm uma paixão comum por jogos – Garena, em entrevista ao START

Mundial de Free Fire 2019, no Rio de Janeiro (Divulgação/Garena)

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Sobre o Autor

Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.

Sobre o Blog

No GGWP você encontra análise dos cenários competitivos no Brasil e no mundo, além dos bastidores do universo envolvendo times, pro-players e novidades em geral.


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