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MiBR x FURIA: é a única Rivalidade verdadeira nos eSports??

Leo Bianchi

19/06/2020 09h00

O confronto entre MiBR e FURIA na última terça-feira (16), pela divisão norte-americana da BLAST Premier Spring de CS:GO, pode ter sido o estopim de algo que hoje em dia é raro no ambiente do esporte eletrônico: a criação de uma intensa rivalidade. Repletos de peculiaridades nesse sentido, os eSports não costumam exacerbar tanto os ânimos quanto as modalidades mais tradicionais, como o futebol. Dessa vez, a história foi diferente e tomou uma repercussão pouco vista até aqui em qualquer cenário competitivo.

Um round no qual Gabriel "FalleN" teve um problema técnico no computador e a posterior postagem do vídeo do lance em seu perfil no Twitter representaram o início da confusão. Os jogadores da MiBR, especialmente Fernando "fer", se revoltaram com a atitude da FURIA em deixar a decisão para o manager, Nicholas "guerri" –pedido feito por ele próprio. Torcedores de ambos os lados passaram a discutir, especialmente após o confronto, com as cobranças e ofensas públicas tomando conta das redes sociais.

Pense rápido: quantas rivalidades regionais você consegue lembrar instantaneamente nos eSports, independentemente do game? G2 x Fnatic, Team Liquid x FaZe Clan (no Rainbow Six, desde a época entre Fontt x BRK), SKT (hoje chamada de T1) x KT Rolster no LoL, Corinthians x LOUD no Free Fire… E ainda há um detalhe importante: muitas vezes, os embates não são sequer entre os próprios times, mas sim entre jogadores. Fer, ao se pronunciar em relação aos xingamentos direcionados à FURIA, deixou claro que não estava falando com a organização, mas sim com os pro-players que hoje a compõem.

Muitos especialistas e fãs condenaram o clima tenso entre os dois principais times brasileiros de CS:GO no planeta, mas a verdade é que a "lua de mel" parece ter durado até demais. A ascensão da FURIA, que vinha de cinco vitórias consecutivas sobre a MiBR em séries MD3 (melhor de três partidas) e que culminou com o número quatro no ranking entre os melhores times do mundo, elaborado pela HLTV, ainda não continha nenhum elemento de rivalidade.

Principal expoente dessa curva de crescimento da organização, pelo fato de também ter crescido muito nos últimos anos, é o streamer Alexandre "Gaules". Membro da "velha guarda" do cenário, ele lembrou, ao comentar o caso, que em sua época o cenário era muito mais tenso e repleto de troca de farpas. Ele próprio, à época em que defendia a G3X, nutria uma rivalidade intensa com a MiBR –onde também trabalharia posteriormente.

"O jogo fica mais legal, a rivalidade e o CS ficam mais legais. O Counter-Strike tem uma base que me parece muito madura. Outras pessoas que estão há mais tempo falam que estavam com saudades disso", comentou o profissional, logo após fechar a transmissão entre MiBR e FURIA.

Guerri acredita que a pressão sobre a MiBR só aumenta com a ascensão da FURIA e, por isso, com os dois times em situações distintas, qualquer faísca pode acender algo muito maior. "Hoje a situação mudou. Hoje nós somos o melhor time brasileiro. Existe muita emoção envolvida e pressão em cima deles. A torcida brasileira pega pesado", afirmou o profissional, em pronunciamento feito durante stream de Gaules.

Seja qual for o campeonato, seja primeira fase ou confronto eliminatório, amistoso ou final, o MiBR x FURIA deste 16 de junho ficará na memória dos fãs de Counter-Strike por um longo tempo. A expectativa criada em torno do confronto direto será alimentada por essa memória. A narrativa do agora "clássico" ganhou um capítulo de "caldeirão fervendo" que, de forma saudável, pode tornar tudo mais interessante.

O curioso aqui, entretanto, é que embora essa rivalidade exista, ao mesmo tempo, é limitada ao CS. MiBR e FURIA vão se enfrentar também nos campeonatos de Rainbow Six Siege e dificilmente haverá esse mesmo clima de "guerra" entre os dois times, diferentemente de um Fla-Flu, GreNal ou Corinthians e Palmeiras, por exemplo, que a rivalidade os acompanha seja lá qual for a modalidade em disputa. Por ora, Ganham os fãs de Counter Strike, mas ficou claro que basta uma faísca pra qualquer cenário pegar fogo.

Sobre o Autor

Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.

Sobre o Blog

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