Representatividade de personagens no Rainbow Six é a mais ampla dos games
Leo Bianchi
29/05/2020 09h00
São diversas personagens mulheres em Rainbow Six Siege Entre elas, a mais forte do jogo: Ash!
O cenário competitivo de Rainbow Six Siege vem se expandindo a cada ano em diversos fatores: maiores premiações, calendário cada vez mais "recheado", distribuição de ligas nacionais… Porém, um fator que muitas vezes passa despercebido, mas que deve ser exaltado em relação ao FPS da Ubisoft é a seriedade com que o game trabalha a questão da representatividade por meio de sua narrativa estabelecida com os operadores –personagens dos mais diversos tipos e origens escolhidos para atacar ou defender dentro do jogo.
A DLC "Operation Void Edge" adicionou a operadora holandesa Iana (esquerda) e Oryx, da Jordânia
Os agentes são sempre lançados em duplas. As três últimas trazem exemplos interessantes a serem observados. Melusi, da Operação Steel Wave, a mais recente do Rainbow Six, é da África do Sul. Oryx, defensor da Operação Void Edge, é da Jordânia. Kali e Wamai, da Operação Shifting Tides, são de Índia e Quênia, respectivamente. Responda rápido: em que outros games você viu a presença ativa da África e do Oriente Médio?
Na "Operation Shifting Tides", a Ubisoft introduziu no R6 a operadora da Índia Kali e o queniano Wamai
Nos próprios campeonatos mundiais de Rainbow Six Siege, e também nos de CS:GO ou League of Legends, por exemplo, não há representantes africanos. E, neste sentido, é preciso entender diversas limitações envolvendo o continente, que vão desde problemas de infra-estrutura, passando por taxas mais altas de internet e diversos outros obstáculos. Para que se crie de verdade um cenário local, é necessário investimento e tempo para estabelecimento de um mercado em torno dos eSports.
Independentemente dessas questões, é interessante observar a preocupação da Ubisoft em balancear a narrativa do game no que se trata de representatividade. Não é simplesmente inserir um personagem, dizer que ele é de determinado país e deixar por isto. A narrativa, o desenho, a história, as características de cada operador… O nível de detalhes merece um olhar mais atento. Um trecho da história de Melusi (cujo nome oficial no R6 é Thandiwe Ndlovu) deixa isso claro:
Na Operation Steel Wave, Melusi, da África do Sul, ao lado de Ace, da Noruega, são a última dupla a ser lançada no Rainbow Six Siege. A partir de agora, a cada nova temporada do game, apenas um novo operador será introduzido no jogo
– Ndlovu entrou para a Força de Defesa Nacional Sul-africana para expandir seus conhecimentos e custear seu treinamento de ranger de campo. Sua persistência e dedicação chamaram a atenção do 1º Batalhão de Paraquedistas, até que uma emboscada na República Centro-Africana a deixou gravemente ferida. Quando Gardiner, que se tornara uma veterinária bem-sucedida, pediu ajuda para proteger o Parque Hluhluwe–Imfolozi, Ndlovu renunciou ao serviço militar e passou a treinar mulheres locais a rastrear, interceptar e vigiar. Juntas, são a essência da Unidade Anticaça da Força-tarefa de Inkaba.
É muito interessante ver a atenção em destrinchar cada detalhe da história da personagem com fatores que gerem, de fato, o engajamento dela com o local do qual ela se originou: Louwsburg, na África do Sul. Há uma biografia e, no site oficial do Rainbow Six Siege, é possível ler até mesmo os relatos psicológicos dos operadores – coerentes com suas habilidades dentro do game. Obviamente, nem todos os fãs do jogo vão se aprofundar na narrativa dessa forma, mas o acerto da produtora independe disso.
Hoje, Rainbow Six Siege tem 56 agentes. Entre eles, há homens e mulheres, personagens dos mais diversos tipos físicos, com os mais diferentes estilos de cabelo, trajes, expressões, traços, das mais diferentes origens. Independentemente de ser um FPS tático, onde o que importa para vencer é a estratégia e a combinação de habilidades somada à capacidade técnica, existe uma grande diversidade, que gera identificação e empatia das mais diversas formas. Os games e os eSports são parte indissociável da cultura nos dias de hoje e a história por trás de um jogo pode ser, sim, um formato educacional.
Sobre o Autor
Leo Bianchi é jornalista, já foi repórter e apresentador do Globo Esporte. É apaixonado por competição e já cobriu Copa do Mundo, Fórmula 1, UFC e mundiais de CSGO, R6, FIFA, Just Dance e Free Fire. Também é youtuber e Pro Player frustrado.
Sobre o Blog
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